Imunidade em dia, sinônimo de bem-estar físico e mental:
A imunidade é a capacidade do organismo em manter a sua integridade pelo reconhecimento e a eliminação de vários corpos estranhos (os antígenos = micróbios, alergênicos, tecidos estranhos…) que o penetram. Ou seja, é responsável pela defesa.
O sistema de defesa passa por três grandes barreiras, físicas ou celulares, chamadas linhas de defesa. Temos a pele e a mucosa, que tem função de barreira impermeável aos agressores; a imunidade inata não específica, porque intervém da mesma maneira independente da natureza do agressor e são compostas de células de imunidade (glóbulos brancos, fagócitos e células NK) e a imunidade específica adaptativa que são os linfócitos B e T, que tem na sua membrana um receptor que só pode reconhecer um único tipo de agressor.
Qualquer infecção ativa a imunidade e pode ser debelada pelo sistema de defesa ou avançar drasticamente se sua imunidade não estiver boa.
O intestino, órgão chave nas defesas imunitárias:
Para além das suas funções na digestão, o intestino tem um papel importante na defesa imunitária, porque a maior parte de nosso sistema imunológico cerca de 80% das células imunitárias do nosso corpo reside no intestino.
As células da mucosa, as células imunitárias e a flora intestinal (designada de microbiota) estão intimamente ligadas para a manutenção da sua integridade.
A microbiota tem papel decisivo na manutenção da saúde. Ela auxilia a digerir alimentos e a nos proteger de infecções.
Na mucosa intestinal ficam as bactérias (lactobacilos vivos) e nossas células de defesa entram em contato com essas bactérias. As bactérias constituem mais de 90% do intestino (são trilhões), boa parte delas envolvida em processos cruciais ao organismo. A princípio, nossa relação com essas bactérias é pacífica e proveitosa para os dois lados: elas conseguem obter nutrientes necessários para sobreviver e, em troca, regulam nosso organismo.
De fato, as células imunitárias recebem informações provenientes do lúmen intestinal (compostos alimentares, mas também microbiota) assim como sinais emitidos pelas células da mucosa. Este diálogo permite desencadear uma resposta imunitária para lutar contra a invasão de corpos estranhos patogénicos via intestino.
Importante saber que nos intestinos temos 500 milhões de neurônios, o suficiente para formar um sistema nervoso próprio, responsável por coordenar tarefas como a liberação de substâncias digestivas e os movimentos que estimulam o bolo fecal a ir embora. Esses circuitos operam sozinhos, ou seja, independem do comando cerebral, por isto apelidaram o intestino de segundo cérebro. Os neurônios intestinais chamam a atenção também pela sua farta produção de serotonina, molécula que nos leva ao estado de bem-estar – 95% da serotonina descarregada pelo corpo é fabricada ali. Esse neurotransmissor é importante porque garante o funcionamento adequado do órgão. O fato é que a serotonina é só um dos mais de 30 mensageiros químicos montados no ventre.
Essas substâncias são encarregadas de transmitir recados de um lado para o outro e estabelecer comunicação eficiente entre o intestino e o cérebro. Toda esta comunicação acontece por meio do nervo vago, estrutura que passa pelo tórax e liga o sistema gastrointestinal à cabeça. O nervo vago é uma via de mão dupla: assim como o abdômen manda mensagens para o cérebro, o cérebro também manda mensagens para o intestino. É por isso que, diante de uma situação de estresse, podemos sentir frio na barriga ou vontade de ir ao banheiro.
A microbiota: barreira e proteção
A microbiota intestinal é um conjunto de micro-organismos, principalmente de bactérias Lactobacillus e Bifidobacterium que colonizam o nosso tubo digestivo. É composto por 100 mil milhões de bactérias que vivem em simbiose com o nosso organismo, tendo um peso de cerca de 2 kg!
Elas contribuem muito para o equilíbrio da imunidade intestinal:
– Barreira contra a adesão e o desenvolvimento de patogénios;
– Diminuindo a inflamação da mucosa intestinal no caso de gastrite infecciosa;
– Induzem a produção de muco intestinal protetor, pelas células da mucosa e
– Fornecem energia às células da mucosa intestinal para o seu crescimento e renovação.
A microbiota intestinal produz neurotransmissores que exercem influência sobre o eixo cérebro-intestino. As bactérias intestinais produzem diversas moléculas que se intrometem na comunicação entre o sistema nervoso do abdômen e o do cérebro. De todos os micro-organismos que habitam o aparelho digestivo e passeiam por ele, a maior parcela são boas. Há, porém, as nocivas, que se aproveitam de alguma fragilidade para se multiplicar, trazendo transtornos.
Alimentação, idade, uso de fármacos, stress crônico podem alterar a flora intestinal ocorrendo alterações na resposta inflamatória.
Quando nosso intestino vira coador:
Mucosa intestinal e microbiota são frágeis. Uma alimentação muito rica em gordura, por exemplo, está associada ao desenvolvimento de bactérias ruins e à morte de espécimes bons. As manifestações disso são mais gases e distensão abdominal. A desordem ainda é deflagrada por estresse fora de controle e uso de antibióticos, que, para matar os vilões, acabam exterminando também os bons.
Isso prejudica as paredes e os movimentos do intestino e dispara inflamações. O indivíduo tem dores, diarreia ou constipação. Só que o desarranjo local repercute na cabeça. Estímulos de confusão na barriga viajam até o cérebro e contribuem para a piora do humor e da concentração, nos deixando enfezados.
Ao desequilíbrio da microbiota, chamamos de disbiose. A mucosa intestinal fica com alteração na absorção intestinal podendo absorver toxinas, o que pode desencadear alergias, e até doenças autoimunes e também pode prejudicar absorção de vitaminas levando ao desequilíbrio no sistema de antioxidantes do organismo. Levando a infecções recorrentes. Portanto a disbiose leva a alterações de imunidade importantes.
Os médicos já sabem que existe conexão da síndrome do intestino irritável, marcada por diarreia ou dificuldade de ir ao banheiro sem razão aparente, com alterações do sistema nervoso, e que também as alterações da microbiota está relacionada com doenças neurológicas, entre elas, doença de Parkinson, Epilepsia, Esclerose Múltipla (processo neuroimune).
O que fazer se estamos com este problema (disbiose)?
Devemos procurar um médico, que avaliará o grau desta disbiose, que pode ser controlada simplesmente com boa alimentação, mais reposição de um pool de lactobacillus para imunidade ou até mesmo, fazer detox intestinal previamente.
Poderá este sugerir melhorar a alimentação e hidratação; probióticos; às vezes detox. Tenha cuidado com uso de medicamentos como antibióticos, antiácidos, corticoides, laxantes e má alimentação.
Como prevenir problemas intestinais?
A dieta é o principal determinante da composição microbiota. Dietas ricas em frutas, verduras e fibras promovem atividade bacteriana do intestino.
A dieta gordurosa é ruim para a flora (frituras, alimentos com muito sal, dieta rica em gordura animal e carne vermelha, excesso de açúcar).
Mas é possível prevenir, ou até reverter, desequilíbrios na microbiota intestinal? A resposta é sim. A flora pode ser modulada para que as bactérias do bem vivam em paz ou voltem a reinar. E isso é obtido, em parte, via alimentação, quando se investe nos probióticos, lácteos enriquecidos com micro-organismos benéficos à saúde. Mas fique atento ao rótulo: nem todo iogurte, por exemplo, é probiótico. Repare se a embalagem informa que tem de 2 a 10 bilhões de concentração de bactérias, medida em UFC (unidade formadora de colônia). Também existem probióticos disponíveis em cápsulas e sachês.
Só que não dá pra engolir um monte de bichinhos e se esquecer de alimentar a flora local. Essa é a função dos prebióticos. Eles são ricos em fibras solúveis, que o sistema digestivo não aproveita sem a cooperação da microbiota. Tais componentes, encontrados em vegetais como a cebola e a aveia, nutrem as bactérias.
Felizmente, é possível restabelecer o equilíbrio da microbiota e a integridade da barreira intestinal pelo consumo de prebióticos e probióticos.
Como checar como anda sua Imunidade?
Os médicos podem solicitar exames de sangue para checar sua absorção de vitaminas ou avaliar através de exames de urina o nível de vitamina C, stress, e grau de disbiose (alteração da permeabilidade intestinal).
Em função destes resultados, os médicos podem recomendar formulações com vitaminas e sais minerais em equilíbrio para melhorar o sistema imune entre eles: vitamina D, vitamina A, vitamina C, vitamina E, zinco e magnésio.
Melhoria da Imunidade:
Em última análise, para aumentar a imunidade, devemos:
– Diminuir o stress;
– Ter um sono reparador;
– Otimizar a vitamina D, entre outras;
– Alimentação balanceada;
– Promover a atividade física.
Fontes:
1. https://www.nutergia.pt/pt/nutergia-conselheiro/dossiers-bem-estar/microbiota-aliada-imunidade.php
2. https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/a-incrivel-conexao-cerebro-intestino/